Chuhchurumel
Tal como tantas outras, também esta história pode começar por “Era uma vez…”.
Era uma vez um atelier muito grande. Ficava no Feital, no concelho de Trancoso, e era da Maria Lino, uma amiga escultora e pintora que tinha regressado há uns anos da Alemanha. Aí se encontraram dois músicos, ambos com grande interesse pelas tradições e pela música portuguesa.
Começaram a trabalhar juntos e decidiram baptizar-se. Procuraram, procuraram, até que encontraram o nome numa lenga-lenga chamada “O castelo de Chuchurumel”. Quando nasceu, Chuchurumel admirava as canções que o Michel e outros tantos como ele tinham descoberto e guardado com profundo amor. (Estava-lhe no sangue…) Juntou algumas dessas canções e cantou-as vezes sem conta num espectáculo chamado “Canções de Todo o Ano”. Depois fez um disco e mais um espectáculo (“Tapete Voador”).
E afinal, o que faz Chuchurumel? Canta e toca música tradicional portuguesa, usa muitos instrumentos e muitos sons, faz oficinas de formação, constrói instrumentos, faz nascer espectáculos para lugares especiais e adora salvar vidas: conversar com as memórias dos outros e fazer recolhas. Também gosta de pesquisar todos e quaisquer tipos de sons e de usar computadores e outras caixinhas mágicas.
Após dois anos de trabalho, Chuchurumel edita o seu primeiro disco, no castelo de Chuchurumel, que apresenta temas da tradição popular portuguesa (nomeadamente do distrito da Guarda) e composições originais.
Alguns dos temas gravados no castelo de Chuchurumel foram recolhidos por José Franco e publicados na revista “Altitude”, nos inícios da década de 40 do século passado: Canção da Ceifa (Gonçalo, Guarda); Aninhas (Sobral da Serra, Guarda); Cantilena de pedreiro (Barreira, Mêda); outros remetem para universos sonoros marcantes (os bombos da festa dos Montes, Trancoso), para a voz única de algumas informantes (Júlia Fonseca e Maria Augusta Moleira) ou para relatos singulares (relato de Lúcia Jorge a propósito dos trabalhos do linho).
O disco inclui também uma canção única: trata-se de “Se soenes crunhe penhar”, a única canção com letra elaborada na gíria de Quadrazais (Sabugal). Trata-se de uma gíria usada pelos antigos contrabandistas e que hoje está praticamente esquecida.No castelo de Chuchurumel, misturam-se instrumentos convencionais (percussões, gaita-de-foles, concertina, piano, ocarina, viola, bandolim), com instrumentos simples (pedras, paus), com outros construídos por César Prata e com programações.
1 comentário:
São muito bons. Parabéns. Estou lá!
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